Será que a igualdade feminina é um sonho? Ao que parece, para a nossa geração será, afinal, segundo o Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2021, do Fórum Econômico Mundial, a igualdade de gênero no mundo só será alcançada daqui a 135,6 anos e só será atingida no ano de 2154. Isso se as conquistas continuarem no ritmo atual. Para os estudiosos, essa estimativa alarmante se deu também pela pandemia que adiou a igualdade de gênero por mais uma geração.
A pandemia resultou em um acréscimo de 36 anos no tempo necessário para diminuir a disparidade entre homens e mulheres, aumentando de 99,5 para 135,6 anos. Esse retrocesso é atribuído à necessidade de elas assumirem responsabilidades familiares e ao fato de trabalharem em setores mais afetados pelas restrições do confinamento.
Nos cargos de liderança e poder, neste ritmo, a paridade econômica, só será alcançada dentro de 267,6 anos. Os dados recentes mostram que, apesar dos avanços alcançados, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos na busca por representatividade e influência em cargos de liderança e também demonstram a necessidade urgente de ações concretas para promover a igualdade feminina em todos os níveis.
No mundo, apenas 25% dos assentos parlamentares são ocupados por mulheres. Apenas 25 chefes de Estado e 14 chefes de governo são mulheres, o que representa menos de 10% do total.
“Minha geração viu as mulheres conquistarem muitos direitos, mas nada foi nos dados de graça, todos foram conquistados à custa de muita luta”
Maria Aparecida dos Santos, secretária nacional do Solidariedade Mulher.
Longe de refletir o potencial e a competência das mulheres, iniciativas globais como os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), da ONU (Organização das Nações Unidas) e movimentos sociais, como o feminismo, têm ampliado o debate sobre a igualdade de gênero e incentivado ações que promovam a presença feminina em lugares de poder e liderança.
Alguns países já têm adotado medidas concretas para diminuir essa lacuna. A Noruega, por exemplo, instituiu uma lei que exige que 40% dos conselhos de administração das empresas sejam compostos por mulheres. Essa política tem demonstrado resultados positivos, incentivando a presença feminina em cargos de liderança e diversificando a tomada de decisões corporativas.
“Quero que as mulheres com quem convivo e as muitas outras que conhecem meu trabalho através da política se sintam representadas. Quero que elas saibam que no Solidariedade lutamos por elas, para elas, pelas filhas delas e pelas próximas gerações. Não queremos nada além do reconhecimento dos nossos direitos e do acesso a qualquer espaço”
Loreny Caetano, gestora de políticas públicas e secretária do Solidariedade Mulher (SP).
Nem todas as notícias são desanimadoras, há avanços na eliminação da diferença educacional entre homens e mulheres. Outro dado animador é que o número de mulheres em ministérios é o maior da história e isso fez o Brasil avançar consideravelmente no ranking dos países menos desiguais do mundo, saindo da posição de número 94, em 2022, para 57, este ano.
No Solidariedade, sabemos dos desafios enfrentados ao apostar em educação e programas de capacitação, mas também sabemos que os desafios são fundamentais para aumentar a presença feminina no cenário político e de liderança.
Prestes a completar 10 anos de existência e 9 anos da Fundação 1º de Maio, o partido lançou a Caravana Lidera+, um projeto que percorrerá diversos estados brasileiros levando formação política às mulheres que pretendem concorrer nas próximas eleições.
“Para nós, paridade de gênero não é um sonho, é a nossa missão de vida. É para isso que lutamos e existimos. Com muito esforço, encorajamos e empoderamos uma as outras através da educação política, e assim, chegaremos muito antes aos lugares que são nossos por direito”, finaliza Maria Aparecida dos Santos.